17.12.05

HOJE NO LIVRO ABERTO (RTPN)

O programa de Francisco José Viegas, Livro Aberto, na RTPN, que inclui uma longa conversa sobre o terceiro volume da biografia de Cunhal, passa hoje sábado, às 23:00; repetindo ao domingo às 13:00; às segundas e quartas às 20:00. Na 2: nas noites de quartas para quinta à 1:30. Na RTP Internacional e RTP África aos domingos, às 05:00 de Lisboa-GMT.

1 Commentários:

Blogger Pinto de Sá said...

Sobre a suposta suprema imodéstia de Cunhal, sou de opinião que a argumentação explanada não foi das mais convincentes.
Na verdade, afirmar que Cunhal se retrata nos revolucionários perfeitos da sua ficção literária e que assim revela o que pensa de si próprio, parece-me um argumento reversível. Porque podemos pensar que é ao contrário, que Cunhal descreve revolucionários-modelo, arquétipos da perfeição a que acha todos deverem procurar corresponder, incluindo ele próprio.
Já a argumentação que invocou o tipo de heroísmo de Bukharine que Koestler retrata em "darkness at noon" ("O zero e o infinito", na velha tradução portuguesa da Europa-América) me parece muito apropriada. Porém, se concordo que é o "pecado" da vaidade (ou melhor, o da soberba), que melhor caracteriza esse sacrifício total pela causa (de toda a humanidade que for precisa, incluindo a sua própria), não é um pecado fácil de caracterizar por manifestações exteriores. Porque, salvo quando Cunhal defende a superioridade moral dos comunistas, não se trata de uma vaidade afirmada contra outros homens. Diria que é mais uma violação do mandamento capital de "amar a Deus sobre todas as coisas", ou, numa linguagem laica, a soberba de julgar que se tem a chave perfeita da História, do destino, do universo. De que se tem o poder de "Deus", afinal.
Ora, ironicamente, tal como o cristianismo acha que o demónio toma múltiplas formas e está potencialmente presente em todas as obras humanas, também o comunismo acha que "a ideologia burguesa" está sempre presente enquanto se não alcançar o paraíso da sociedade sem classes e sem Estado, o que precisamente justifica a ditadura do proletariado. A ironia reside no facto de, a aceitar esta crença, se ter de concluir que "o demónio" venceu, nas sociedades socialistas, o que é um fatal castigo para a tal soberba...

19/12/05  

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